A docente do PPGDem, Jordana Cristina de Jesus, publicou juntamente com pesquisadores da UFMG um capítulo no livro “A arte de tecer o tempo: perspectivas feministas”. Organizado pelas pesquisadoras Hildete Melo e Lorena Moraes, pela Editora Pontes, a obra reúne oito capítulos que tratam dos estudos sobre o uso do tempo numa abordagem focada, como o subtítulo sugere, nas perspectiva da mulher. No capítulo “Trabalho doméstico não remunerado e as transferências intergeracionais de tempo no Brasil”, Jordana e colegas apontam que as mulheres brasileiras, em média, investem 3 horas e meia diárias no cuidado e tarefas domésticas. Assim, enquanto as mulheres entre 15 a 83 anos transferem o seu tempo para o cuidado doméstico, os homens são consumidores ao longo de todo o seu ciclo de vida. Ou seja, em média homens investem mais tempo no que seriam consideradas atividades produtivas, enquanto as mulheres o fazem na produção e reprodução doméstica. Por exemplo, as mulheres são responsáveis por 78% do cuidado com crianças no Brasil.

Se o tempo investido no cuidado das atividades domésticas e no cuidado de crianças e idosos fosse convertido para valores monetários, ele seria equivalente a aproximadamente 10,5% do PIB nacional, sendo que se fosse considerado apenas o tempo das mulheres, esse valor seria de 8,4% do PIB. Portanto, nessa perspectiva, o investimento de tempo no trabalho doméstico não remunerado se constitui em um importante elemento para se refletir sobre os orçamentos domésticos e como os arranjos produtivos e financeiros são compostos no contexto da divisão social e sexual do trabalho doméstico. O capítulo pode ser acessado na íntegra pelo link “Trabalho doméstico não remunerado e as transferências intergeracionais de tempo no Brasil” (JESUS; WAJNMAN; TURRA, 2020).