Reprodução: Vilma Torres de Agecom
Em março de 2020, um grupo de pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Demografia da UFRN decidiu concentrar esforços para desenvolver análises sociodemográficas que impactam o desenvolvimento de ações de enfrentamento à pandemia. Esse direcionamento seria voltado para a região Nordeste, em especial o estado do Rio Grande do Norte. Assim surgiu o Observatório do Nordeste para Análise Sociodemográfica da covid-19 (ONAS-covid19), ação interdisciplinar que reúne mais de 40 professores, pesquisadores e estudantes de diversas universidades e que buscam divulgar e promover uma melhor compreensão social destas análises.
O ONAS-covid19 acabou se tornando um poderoso canal de difusão da informação e do conhecimento da análise demográfica. Nos últimos 12 meses o grupo publicou quase 100 textos analíticos relacionados à evolução da pandemia na região, que foram disponibilizados como ferramenta teórica e metodológica para a gestão pública local e regional e sociedade como um todo. Assim foi possível analisar como a alta taxa de morbidades poderiam aumentar a letalidade da covid-19 entre a população nordestina, como a falta de bancos e internet poderiam afastar nordestinos do auxílio emergencial ou os efeitos do distanciamento social na saúde mental, por exemplo.

O coordenador geral do grupo, o professor da UFRN Ricardo Ojima, ressalta que a análise dos dados empíricos é fundamental para entender e legitimar os processos sociais que permeiam as políticas públicas. “Dentro de um contexto de fake news e da pós-verdade, o uso de evidências empíricas e informações públicas é de fundamental importância para oferecer subsídios para a tomada de decisões tanto na esfera individual como na gestão pública”, analisa.
Ojima diz que o contexto da pandemia da Covid-19 revelou a necessidade de um letramento científico no qual a sociedade possa entender com maior clareza os processos e métodos da pesquisa científica. “Sem isso, o contexto de informações desencontradas favorece o avanço das fake news”, acredita. Em decorrência dessas análises e buscando combater a desinformação, os pesquisadores do ONAS-covid19 deram mais de 50 entrevistas a telejornais locais e nacionais e centenas de outras citações em blogs e jornais impressos, sempre comentando e divulgando essas informações.