O contexto da pandemia na vida das trabalhadoras domésticas é o debate do episódio 17 do Rasgaí

No mês de março de 2021, os episódios do Rasgaí tratam do tema desigualdade de gênero em referência ao dia Internacional da mulher. Apesar da oficialização dessa data ter ocorrido em 1975 pela ONU, o dia 8 de março já era usado desde o início do século 20 para lembrar a luta das mulheres pela igualdade de gênero. A marca dessa data faz referência aos protestos das operárias russas em 1917 protestando contra a fome e a primeira guerra mundial. Entretanto, em 1909 uma grande passeata de mulheres ocorria em Nova York exigindo melhores condições de trabalho. No Brasil, em 1927, no Rio Grande do Norte, após mobilizações intensas ao longo dessa década lideradas pela pesquisadora Bertha Lutz, registrou-se a primeira mulher a ter direito a voto na América do Sul. Aos 29 anos de idade, a professora mossoroense Celina Guimarães Viana inaugura esse importante marco na conquista de direitos. Enfim, as reivindicações das mulheres datam de mais de um século. Avanços ocorreram, mas ainda há muito para refletir e conquistar.

No episódio #17 do Rasgaí, conversamos com a atuária e demógrafa, Luana Myrrha, que é docente do Programa de Pós-Graduação em Demografia da UFRN. Luana falou conosco sobre resultados de seu projeto de pesquisa que investiga as condições de trabalho das empregadas domésticas no contexto da pandemia da Covid-19 no Brasil. Como discutimos no episódio #16, o cuidado com os afazeres domésticos é uma atribuição que recai predominantemente sobre as mulheres. E isso ocorre tanto no contexto da divisão do trabalho entre os membros do domicílio, como também quando esse trabalho é contratado. O tempo de trabalho doméstico não remunerado diminui entre as mulheres com maior renda, pois aumenta a possibilidade de contratação de serviços para essa substituição. Entretanto, a contratação desse serviço reproduz a desigualdade de gênero fazendo com que os serviços de trabalho doméstico sejam essencialmente femininos.

A pesquisa analisou, entre outros aspectos, as relações de trabalho das empregadas domésticas no contexto da pandemia da Covid-19. Entre os resultados da pesquisa, grande parte dos contratantes de trabalhador(a) doméstico(a) afastaram seu empregado(a) ou suspenderam o contrato durante o período para cumprir o distanciamento social. Mesmo entre as famílias que tiveram redução da sua renda, foi da ordem de 40% a proporção de casos onde isso ocorreu. Com a pandemia, o trabalho doméstico foi a segunda ocupação mais afetada no país. Segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD/IBGE), 90% dos trabalhadores domésticos são mulheres e antes da pandemia eram cerca de 6,3 milhões. No final de 2020 esse volume caiu para 4,6 milhões. Uma redução de 27% que afeta a vida de um conjunto expressivo de famílias onde a renda do trabalho doméstico é predominante.

A pesquisa foi aplicada entre os dias 25 de maio e 06 de junho de 2020, portanto, refletem a conjuntura da pandemia desse período. Uma segunda rodada da coleta de dados em 2020 ocorrerá no mês de abril e maio de 2021 e estará disponível no site do projeto DOMÉSTICAS UFRN. Acessando os dados do projeto é possível obter mais informações sobre a pesquisa, as publicações e os resultados da primeira rodada da pesquisa.

O Rasgaí está disponível nas plataformas de streaming e pode ser acessado gratuitamente. Clique no link da plataforma de sua preferência abaixo e siga o Rasgaí para receber notificações de novos episódios.

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