No dia 14 de maio publicamos aqui no ONAS um texto discutindo o avanço dos casos e óbitos pela Covid-19 no semiárido nordestino. Como dissemos, trata-se de uma região marcada por desigualdades sociais, carências de serviços básicos e diversas sobreposições de vulnerabilidades. No texto, analisamos alguns indicadores que apontavam para esse grau de vulnerabilidade selecionando alguns dados que permitiam explicitar as relações sociodemográficas com a dinâmica da evolução dos casos da Covid-19 nessa região.
Naquela data, utilizamos a atualização de casos registrados até o dia 10 de maio e, até então, quase metade dos 1.048 municípios do semiárido nordestino (que abrange todos os estados no Nordeste, com exceção do Maranhão) apresentavam casos. Passados 20 dias, com base nos dados atualizados até 30 de maio, a situação já atinge 79,7% dos municípios do semiárido nordestino. Diante das carências do sistema de saúde e do acúmulo de vulnerabilidades diversas, essa situação não apenas preocupa a condição de saúde desses municípios, mas principalmente, a situação das capitais e polos regionais de saúde. Afinal, diante da ausência de serviços de saúde de média e alta complexidade nesses pequenos municípios, a tendência é de que os pacientes de casos médios e graves pela Covid-19 (e também de outras causas) precisem se descolar para municípios mais estruturados em termos de saúde.
A animação abaixo explicita a evolução dos casos notificados pela Covid-19 desde a data do primeiro caso registrado (06/03) em um município do semiárido nordestino até o dia 30 de maio. O que vemos é que em pouco menos de três meses a doença se espalhou de modo acelerado, particularmente no caso do Ceará, cobrindo quase todo o território com pelo menos um caso. As cores mais escuras no mapa mostram os municípios onde a quantidade de casos é mais intensa e há alguma concentração.
Paulo Victor Maciel da Costa – Economista e doutorando do Programa de Pós-Graduação em Demografia (PPGDem) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
Confira essa e outras análises demográficas também no ONAS-Covid19 [Observatório do Nordeste para Análise Sociodemográfica da Covid-19] https://demografiaufrn.net/onas-covid19