A violência é um campo de estudos de indiscutível relevância social. Normalmente o número de homicídios é usado como indicador para analisar a evolução da violência ao longo do tempo. No Brasil, entre 1990 e 2017, o número de homicídios passou de 32 mil para mais de 65 mil, segundo os dados disponíveis no Atlas da Violência gerido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) com a colaboração do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Mas é preciso olhar os dados de modo mais detalhado para entender melhor a sua dinâmica.
As mortes violentas ocorrem de modo seletivo. Mais da metade dos homicídios que ocorreram no ano de 2017 foram de homens entre 15 e 29 anos. E do total de homicídios de 2017, mais de 70% foram de homens negros. Além disso, eles não ocorrem de forma uniforme no território. O risco de homicídio, portanto, depende de características sociodemográficas e socioespaciais. É por essas e outras razões que o estudo da violência pode ser entendido como um tema demográfico. Analisar a violência, os homicídios e as causas violentas a partir de um olhar demográfico ajuda a entender essas especificidades e isso pode contribuir para melhorar as ações e políticas de segurança pública. Otimizar os investimentos em segurança para que se focalizem nos públicos e contextos nos quais o evento contém maior risco de ocorrer.
E foi esse o desafio de pesquisa proposto pela pesquisa de mestrado do Pedro Henrique Freitas. Ele defendeu sua dissertação em demografia no Programa de Pós-Graduação em Demografia da UFRN em 2021 e analisou a violência no município de Natal a partir das perspectivas demográficas e socioespaciais. E ele adicionou um elemento contextual que, dado o momento em que a pesquisa foi desenvolvida, não poderia faltar. O impacto e a influência que a pandemia de Covid-19 pode ter tido nesses indicadores. O arquivo completo da dissertação “Violência no município de Natal/RN em 2019 e 2020: uma abordagem espacial e demográfica sobre as mortes violentas com foco nos efeitos decorrentes da pandemia da COVID-19” contém gráficos e cartogramas que ajudam a compreender a diversidade do fenômeno no caso do município de Natal (RN).