O episódio de hoje é sobre um tema que vez ou outra aparece nas conversas informais e povoam o imaginário das pessoas no senso comum. Estamos falando da queda da natalidade, ou seja, a redução do número de nascimentos. É mais comum ouvir a expressão: “queda da natalidade”, mas na verdade estamos falando da queda na taxa de natalidade. A taxa de natalidade é uma medida que calcula a quantidade de bebês nascidos em um determinado ano e divide esse número pelo total de pessoas daquela população naquele mesmo ano. Mas há outra expressão que se ouve também: a queda da fecundidade. Essa medida é um pouco diferente e representa o número médio de filhos tidos pelas mulheres em idade reprodutiva daquele ano.
O que os dados mostram ao longo do tempo é que a fecundidade vem caindo de modo consistente no Brasil. No passado ela já esteve na faixa de 6 filhos por mulher e já está abaixo de 2 há algum tempo. Mas nas conversas informais ainda é difícil crer nesses números, pois na observação das pessoas, parece ser contraditório ter uma taxa tão baixa de filhos por mulher se, por exemplo, você conhece ou viu uma reportagem mostrando a vida de mulheres que têm 4 ou 5 filhos.
Isso acontece por estarmos falando de médias e se conhecemos mulheres que tem 4 ou 5 filhos, esquecemos que existem muitas mulheres sem filhos. E essa quantidade de mulheres sem filhos vem aumentando ao longo do tempo. Esse foi o tema da dissertação de mestrado da Clicia Clementino. Ela defendeu seu mestrado no PPGDem em 2021 com a pesquisa: “Eu não quero ser mãe assim como muitas mulheres”. Ela analisou o perfil das mulheres que não tem e não querem ter filhos para entender quais são as características que mais influenciam nessa decisão. Ela também traz uma discussão que contextualiza o debate brasileiro no contexto internacional e como essa temática vem sendo abordada pela literatura científica internacionalmente.
