A vida nas grandes cidades sempre foi marcada por uma intensa mobilidade das pessoas. A industrialização e a urbanização foram processos simultâneos que modificaram radicalmente os nossos modos de vida. Mas com ao longo do século 20, muita coisa mudou. Primeiro, essa industrialização teve um aspecto concentrador e impulsionou o que se convencionou chamar de “êxodo rural”. Grandes volumes de pessoas migraram das áreas rurais para as áreas urbanas na busca por empregos industriais e todo o conjunto de serviços e urbanidades associados. Mas na segunda metade do século 20, os modos de produção sofrem transformações aceleradas e um processo de desconcentração começa a mostrar os seus sinais.
No que se refere aos fluxos populacionais, no Brasil, o final do século passado já mostra um processo de urbanização avançado, com a população predominantemente urbana. Os fluxos rural-urbano perdem sua importância e novos processos começam a se mostrar mais relevantes. Os fluxos migratórios de longa distância, particularmente do Nordeste para o Sudeste começam a diminuir o seu ímpeto (apesar de ainda serem muito importantes). Nesse contexto, ganha espaço a migração urbana-urbana, os fluxos de média e curta distância e os fluxos de mobilidade cotidiana para trabalho entre municípios diferentes. Esse último é o tema do episódio de hoje: a mobilidade pendular.
Mas o que é mobilidade pendular? Ela se diferencia da migração, pois migrar envolve a necessidade de mudança de endereço entre recortes político-administrativos distintos. No caso da mobilidade pendular, o deslocamento é justamente aquele onde a pessoa mora em uma cidade, mas vai cotidianamente (ou com frequência regular: a cada dois dias, semanalmente, etc) trabalhar em outro município. Há na literatura algumas referências ao termo migração pendular. Entretanto, conceitualmente, o mais correto seria mobilidade pendular ou pendularidade. Mas independentemente do termo usado, o que sabemos é que esses deslocamentos são importantes para o planejamento urbano, regional e para as demandas de serviços. Pense no exemplo de uma região metropolitana e no intenso fluxo de pessoas decorrente da integração funcional dos espaços dentro da metrópole. Precisa-se dimensionar os transportes públicos entre dois ou mais municípios, parte dos serviços de educação e saúde são compartilhados, compras, etc. Enfim, quando essa mobilidade é intensa, tudo precisaria ser pensado integradamente e de modo intermunicipal. As regiões metropolitanas foram criadas, entre outras coisas, por essa razão. Mas será que esses movimentos são exclusividades de regiões metropolitanas? Como e quais são as tendências desses movimentos pendulares nos últimos anos?
Para falar sobre isso, o episódio 38 do Rasgaí conversou com o economista e mestre em demografia e atualmente doutorando do Programa de Pós-Graduação em Demografia da UFRN, o João Gomes da Silva. Ele defendeu sua dissertação de mestrado aqui no PPGDem com uma pesquisa sobre essas questões e, derivado da sua pesquisa, acaba de publicar o artigo: “Perfil da mobilidade laboral inter e intramunicipal no Brasil nos anos de 2000 e 2010” (clique no título para acessar o artigo completo).
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