Da prova à opinião pública: como o ENEM e a mídia colocaram o envelhecimento populacional na agenda nacional

José de Paiva Rebouças | jornalista e doutorando em demografia (UFRN)

O Brasil tem experimentado uma transição demográfica notavelmente acelerada. Em contraste com países europeus, como a França, que dispuseram de mais de um século para adaptar suas estruturas sociais, estima-se que o Brasil poderá ver a proporção de sua população idosa duplicar em aproximadamente 25 anos (Mrejen et al., 2023). O Censo Demográfico de 2022 revela tendências importantes nesse sentido: o total de pessoas com 65 anos ou mais alcançou 10,9% da população (um aumento de 57,4% desde 2010), e o índice de envelhecimento atingiu 55,2, indicando que o país apresenta 55,2 idosos para cada 100 crianças de 0 a 14 anos (IBGE, 2022).

Essa transformação apresenta desafios consideráveis para a saúde, a previdência e, de forma significativa, para a organização social do cuidado (Mrejen et al., 2023). Contudo, essa questão, amplamente discutida na academia, aparentemente ainda busca maior ressonância na percepção pública, persistindo uma distância considerável entre o conhecimento produzido cientificamente e sua apropriação social, onde determinados discursos tradicionais persistem mesmo diante de mudanças nas taxas de fecundidade (Paiva Rebouças e Ojima, 2025).

É neste contexto de dissociação entre evidência científica e consciência pública que se insere a motivação para este estudo. No dia 9 de novembro de 2025, observou-se um fenômeno singular de convergência midiática quando o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) propôs como tema de redação “Perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira”. Não por acaso, isso gerou uma imediata e ampla cobertura jornalística, com destaque para o programa Fantástico (Rede Globo), que veiculou reportagem especial sobre a situação dos cuidadores de idosos. Esta sincronia entre a pauta educacional e o noticiário estabeleceu uma ponte narrativa direta entre a política pública educacional e a realidade social complexa do país. 

A seleção do tema pelo ENEM configura o que Yin (2001) denomina de experimento natural, uma intervenção social não planejada para fins de pesquisa, mas que permite observar seus efeitos em tempo real. Ao mobilizar milhões de candidatos para formular propostas de intervenção sobre o envelhecimento populacional, o exame opera como um poderoso mecanismo de transferência do conhecimento demográfico, deslocando-o dos espaços restritos de produção científica para os domínios da apropriação social (Vogt, 2007). Essa dinâmica apresenta o potencial de superar a defasagem histórica entre os dados objetivos e a desinformação pública (Paiva Rebouças e Ojima, 2025).

Vale notar que a escolha desta pauta pelo ENEM corrobora seu papel de agente indutor de debates sociais fundamentais. O tema de 2023, “Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil”, já sinalizava essa vocação ao trazer uma questão demográfica correlata para o centro das discussões. A edição de 2025, no entanto, avança ao colocar no foco o próprio sujeito do processo de transição demográfica: a população que envelhece.

Este ensaio parte, portanto, da premissa de que a interseção entre política educacional de grande escala e cobertura jornalística é instrumental na construção de uma cultura demográfica robusta. Nesse sentido, o objetivo geral deste estudo é avaliar o impacto desse experimento social singular, analisando em que medida a convergência midiática catalisada pelo ENEM 2025 contribuiu para o fortalecimento de uma cultura demográfica ampla e informada no Brasil, particularmente no que tange ao debate sobre o envelhecimento populacional.

Cultura demográfica como metodologia de apropriação do fenômeno

Para enfrentar o hiato entre a produção técnica e a compreensão pública da demografia no Brasil, é necessário recorrer a um constructo teórico capaz de operacionalizar essa mediação. Esse papel é preenchido pelo conceito de cultura demográfica, que ilumina uma tensão histórica no campo, marcada pela distância entre a produção de dados estatísticos, própria da demografia formal, e a capacidade da sociedade de interpretá-los e responder a seus desafios (Paiva Rebouças; Ojima, 2025).

Essa dificuldade de apreensão das transformações populacionais já havia sido identificada por Carvalho (2004, p. 5), que observava “uma certa dificuldade, por parte da sociedade brasileira, até aquela com nível educacional mais elevado, em apreender estas mudanças e, inclusive, em aceitá-las como reais”. Décadas depois, a população ainda não internalizou a profundidade da transição demográfica do país que caminha para um perfil etário semelhante ao de Portugal em poucas décadas, caracterizado por uma população envelhecida, com alta proporção de idosos (Grupo de Foz, 2021).

Essa incompreensão gera consequências concretas. A primeira é a perpetuação de discursos malthusianos obsoletos. Apesar de a fecundidade brasileira encontrar-se em níveis baixos há décadas, persistem narrativas que enxergam sua queda como um problema nacional, ignorando o contexto histórico do país (Gonçalves et al., 2019). Esse cenário é um paradoxo, uma vez que, durante o regime militar, “o próprio Estado não tinha interesse na diminuição do ritmo de crescimento populacional” (Gonçalves et al., 2019, p. 7), sustentando uma postura explicitamente pró-natalista. 

Paralelamente, no campo acadêmico, travava-se um intenso debate ideológico que, por décadas, se opôs a políticas de planejamento familiar sob a convicção dupla de que não havia demanda por anticoncepção e de que o crescimento populacional era uma variável neutra para o desenvolvimento (Carvalho; Brito, 2005). A superação desse embate histórico, que hoje soa anacrônico, é essencial para focar nos reais desafios demográficos do século XXI.

A segunda consequência é o etarismo. Na ausência de uma cultura demográfica que naturalize o envelhecimento como etapa universal da vida, abre-se espaço para preconceitos etários. Blauth Loth e Silveira (2014, p. 66) definem etarismo como “a discriminação baseada na idade e seus impactos sobre indivíduos em processo de envelhecimento”. A segregação intergeracional limita interações, impede o conhecimento mútuo e favorece estereótipos negativos, como a suposta inaptidão tecnológica ou resistência à inovação dos mais velhos, criando um ciclo vicioso em que o preconceito reforça o isolamento e o preconceito (Blauth Loth; Silveira, 2014).

A ruptura desse ciclo exige a construção de uma cultura demográfica robusta, entendida como a apropriação profunda do sentido dos processos demográficos na vida cotidiana (Benítez Zenteno, 1999). Hammel (1990) propõe que a cultura opera como uma “conversa avaliativa”, pois os indivíduos ajustam comportamentos demográficos (ter filhos, aposentar-se, migrar) antecipando o julgamento moral de suas redes sociais. Assim, a estatística demográfica só se torna cultura quando é traduzida em narrativa socialmente negociável, capaz de alimentar esse diálogo avaliativo (Hammel, 1990).

O fortalecimento de uma cultura demográfica amplamente disseminada não se resume ao mero conhecimento de indicadores. Trata-se de um processo educacional e comunicacional que supere crenças não científicas, explicite funções do corpo humano, relações sexuais e suas consequências e permita o exercício pleno da liberdade constitucional de decidir ou não por filhos (Benítez Zenteno, 1999).

Nesse processo, a comunicação ocupa lugar central. Tuirán (1996) define comunicação em população como um processo intencional que informa, altera conhecimentos, modifica atitudes e transforma práticas, fortalecendo o espírito de previsão e planejamento familiar. Contudo, para que a informação demográfica se torne cultura, é preciso superar modelos verticais e manipulativos.

Trinquete Díaz (2024) defende a comunicação como um processo dinâmico e dialógico de mudança coletiva, integrando comunicação para a transformação social e a comunicação sobre a população em um mesmo marco conceitual e metodológico. Só assim a mensagem demográfica deixa de ser imposição estatal e passa a ser mediação simbólica que fomenta participação cidadã (Trinquete Díaz, 2024).

Nesse processo de mediação simbólica, ganha relevância operacional a capacidade de certas instituições de influenciar a saliência dos temas no debate público. É aqui que a teoria do agenda-setting (McCombs, 1977), se torna fundamental. Essa proposta postula que a mídia massiva possui uma notável eficácia em dizer ao público sobre o que pensar, influenciando a percepção coletiva acerca da importância dos temas. Esse poder de definir a pauta (agenda) é frequentemente catalisado por eventos ou instituições de grande repercussão que, ao atrair a atenção midiática, funcionam como agentes indutores de pauta (McCombs, 1977). 

O ENEM, pelo seu alcance nacional e seu papel central na vida de milhões de jovens, configura-se precisamente como um desses agentes potentes. Ao eleger um tema complexo como o envelhecimento populacional para sua redação, o exame forneceu um input decisivo para a mídia, ativando o mecanismo de agenda-setting e transferindo para o centro do debate jornalístico um assunto que de outra forma permaneceria confinado aos círculos acadêmicos. 

Este exemplo recente evidencia, por contraste, o custo social de quando um tema demográfico crucial não consegue romper essa barreira midiática. A própria transição da fecundidade brasileira ilustra como a ausência de uma agenda-setting que construísse uma cultura demográfica ampla e informada prolongou equívocos. Gonçalves et al. (2019) demonstram que o declínio do nível reprodutivo começou cedo, já nos anos 1930 no Rio de Janeiro, São Paulo e no extremo Sul, mas a narrativa hegemônica só reconheceu a transição a partir dos anos 1960, quando se tornou generalizada e acelerada. A comunicação vertical de então, notadamente governamental, centrada em controle populacional, não construiu cultura demográfica; ela impôs condutas justamente porque faltou um processo dialógico de agenda-setting que colocasse o tema em debate público de forma pedagógica e contínua.

Dessa forma, a cultura demográfica consolida-se como a metodologia final de apropriação social dos fenômenos populacionais. Quando operacionalizada por uma comunicação dialógica e potencializada por mecanismos de agenda-setting, como o caso do ENEM, a comunicação deixa de ser uma simples transmissão unidirecional de dados e se transforma em um processo participativo de construção de sentido.

Nesse contexto, os fenômenos demográficos, da queda da fecundidade ao envelhecimento, deixam de ser percebidos como ameaças externas e passam a ser compreendidos como dimensões intrínsecas da vida coletiva. Tornam-se, assim, passíveis de um planejamento consciente e solidário, capaz de superar os equívocos históricos e os preconceitos etários que uma comunicação vertical faz perpetuar.

Percurso metodológico

Este trabalho desenvolve um estudo de casos múltiplos explanatório (Yin, 2001), método que utiliza dois ou mais casos para compreender como e por que determinados fenômenos ocorrem, testando elos causais em contextos reais. A lógica de replicação literal, que busca resultados semelhantes em casos similares, e de replicação teórica, que prevê contrastes entre casos diferentes (Yin, 2001), confere maior robustez ao estudo e possibilita a generalização analítica para teorias relacionadas à cobertura midiática e à construção de uma cultura demográfica.

Para analisar o potencial da repercussão do exame, ENEM, na promoção de uma cultura demográfica, conforme estabelecido no marco teórico, este estudo adota a metodologia de Yin (2001) e se orienta por três proposições que operacionalizam essa construção: 1) A visibilidade dada pela imprensa ao tema do envelhecimento, que desloca a percepção de um enfoque individual e familiar para uma compreensão mais ampla e coletiva da sociedade; 2) A convergência temática com a estrutura proposta pelo ENEM é mais pronunciada quando as reportagens utilizam dados demográficos de fontes oficiais, incorporam narrativas de políticas públicas e incluem vozes de especialistas; 3) A matéria televisiva, por sua linguagem audiovisual, amplifica o alcance emocional e a memorabilidade do tema.

O corpus de análise foi composto por 13 reportagens publicadas ou veiculadas nos dias 9 e 10 de novembro de 2025, identificadas por meio de uma busca sistemática no Google a partir da palavra-chave “Envelhecimento populacional”. Após triagem por relevância temática e exclusão de duplicatas, o conjunto final incluiu 12 matérias textuais de veículos de alcance nacional (como Folha de S. Paulo, G1, O Globo e CNN Brasil) e 1 reportagem televisiva do programa Fantástico (Rede Globo). A lista completa das 13 reportagens, com veículos, datas e títulos, encontra-se no Quadro 1.

Quadro 1 – Conjunto de matérias jornalísticas analisadas

VeículoDataTítulo
Folha de S. Paulo09/11Tema da redação do Enem 2025 é ‘perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira’
Brasil de Fato09/11Enem privilegia direitos humanos e cidadania ao abordar envelhecimento na redação
G109/11Envelhecimento acelerado, tema do Enem 2025, muda o mapa das doenças no Brasil: câncer e condições neurológicas crescem entre idosos
O Globo09/11Redação do Enem: Censo apontou que Brasil envelhece rapidamente e população começará a encolher em 2042
Agência Brasil09/11Tema da redação do Enem ajuda a debater etarismo, dizem professores
Correio Braziliense09/11“Era um tema esperado”, diz professora sobre redação do Enem
Folha de S. Paulo10/11Tema de redação do Enem, envelhecimento preocupa governos no Brasil e no mundo
Folha de S. Paulo10/11Tema do Enem 2025, envelhecimento foi assunto frequente na Folha
CNN Brasil10/11Enem 2025: tema da redação levanta debate sobre conceito de envelhecimento
InfoMoney10/11Redação do Enem sobre envelhecimento amplia debate sobre seguro de vida e previdência
Jornal da Paraíba10/11Enem 2025 traz envelhecimento da população ao centro e amplia discussão sobre economia dos 60+
Terra10/11Envelhecimento da população brasileira é tema da redação do ENEM; veja
Fantástico09/11#Fantástico discute o papel do cuidador de #idosos na sociedade brasileira

Fonte: Elaboração dos autores

Neste ensaio, cada uma das 13 reportagens constitui uma unidade de análise individual. O objeto de estudo mais amplo (o caso holístico) é o próprio fenômeno da convergência midiática entre a pauta educacional do ENEM e a cobertura da imprensa. Assim, as 13 unidades, em conjunto, permitem analisar esse caso único e complexo. 

A análise de conteúdo das reportagens foi estruturada a partir de um sistema categorial constituído de seis eixos analíticos derivados dos textos motivadores da proposta de redação do ENEM 2025. Esta opção metodológica permite verificar não apenas se a mídia falou sobre envelhecimento, mas como ela o fez e em que medida reproduziu a estrutura temática oficial proposta pelo exame.

Na prática, operacionalizamos essa análise a partir da Fonte dos eixos: definidos a partir da análise dos textos motivadores da redação do ENEM, que constituem uma curadoria oficial das dimensões essenciais para compreender o tema; da Aplicação no corpus: cada uma das 13 reportagens do corpus foi examinada para identificar a presença ou ausência de cada um desses seis eixos, conforme detalhado no Quadro 2; e do Objetivo da análise, que possibilitou identificar a convergência temática entre a agenda do ENEM e a cobertura jornalística. Mais do que a coincidência superficial do tema (envelhecimento), o foco recai sobre a convergência profunda das perspectivas de abordagem.

Esta estrutura serviu de base para a categorização analítica, permitindo-nos observar se a cobertura da mídia incorporou a mesma complexidade e as mesmas nuances temáticas propostas pelo ENEM.

Quadro 2 – Textos motivadores da redação do ENEM 2025 e eixos analíticos derivados

TextoFonte/resumoEixo analítico derivado
I10,9% da população ≥ 65 anos; alta de 57,4% desde 2010Dados demográficos
IIAgência Senado: movimento 60+ contra pictograma pejorativo da bengalaRepresentações simbólicas
IIIRita Lee e Fernanda Montenegro: velhice como destino, dignidade e liberdadeReflexões culturais
InfográficoGlobo: idosos como mantenedores do lar; pressão do “velho ativo”Desigualdades socioeconômicas
VClarice Lispector: idosa como “móvel velho”, sem utilidade socialInvisibilidade social
VIDocumentário “Quantos dias. Quantas noites” + gerontólogo: declínio funcional e desigualdadesMarcadores de desigualdade

Fonte: Elaboração dos autores

As fontes de evidência incluem a documentação (textos completos das reportagens e transcrição da matéria televisiva); artefatos físicos (capturas de tela, imagens e gráficos); documentos de referência (tema ENEM 2025, Censo IBGE 2022); e observação direta (análise audiovisual quanto a enquadramentos, trilha sonora e linguagem não verbal).

Para organizar a análise, cada uma das 13 reportagens foi avaliada segundo dois conjuntos de parâmetros: 1) Critérios de qualidade e enquadramento: a) descrição do caso (veículo, data); b) uso de fontes demográficas oficiais; c) enquadramento predominante do envelhecimento (individual/familiar ou societal/coletivo); d) potencial contributivo para o fortalecimento da cultura demográfica.

Este último parâmetro é codificado em três níveis: Alto, Médio e Baixo, conforme a profundidade interpretativa e a presença de narrativas intergeracionais: 

  • Alto significa Matérias com enfoque societal que exploram diversas dimensões do envelhecimento, demonstrando elevada profundidade interpretativa. Incorporam explicitamente narrativas intergeracionais e recorrem a fontes especializadas e dados oficiais); 
  • Médio: Matérias com enfoque societal ou misto, que abordam o tema com profundidade moderada (uma ou duas dimensões). As narrativas intergeracionais estão presentes de forma tangencial ou implícita; e 
  • Baixo: Matérias com enfoque individual ou familiar, restritas à descrição do fato relacionado ao ENEM, sem aprofundamento nas questões sociais e sem referência a relações intergeracionais.

2) Critérios de convergência temática: e) correspondência com os seis eixos analíticos derivados dos textos motivadores para a redação do ENEM 2025. 

As técnicas de análise adotadas neste estudo, conforme Yin (2001), compreendem três dimensões complementares. 1) Adequação ao padrão, que consiste em confrontar os dados empíricos de cada caso com os padrões teoricamente previstos pelas proposições, aumentando a validade interna ao demonstrar a aderência dos achados a um modelo causal pré-existente; 2) Construção da Explicação, estratégia iterativa própria de estudos explanatórios, que desenvolve e revisa a cadeia causal (“ENEM > cobertura jornalística > mudança de percepção societal”) mediante a comparação entre a formulação teórica inicial e as descobertas de cada caso, permitindo o teste de proposições rivais; e 3) Lógica de replicação cruzada, que orienta a análise dos 13 casos, cuja síntese é realizada por meio de comparações sistemáticas (ou síntese de casos múltiplos), frequentemente apresentadas em quadros sinóticos, com o objetivo de validar a generalização analítica das teorias investigadas.

Os critérios de qualidade do desenho (Yin, 2001) asseguram validade de construto (múltiplas fontes + cadeia de evidências documentada), validade interna (explicação construída com teste de proposições rivais), validade externa (generalização analítica para outras coberturas midiáticas de temas educacionais/demográficos) e confiabilidade (protocolo detalhado em anexo + banco de dados digital com reportagens, transcrições e codificações). Essa abordagem metodológica rigorosa pavimenta o caminho para a análise das limitações e dos resultados empíricos.

Análise: o ENEM 2025 como catalisador do debate público sobre o envelhecimento

Os resultados desta análise, fundamentados nos critérios metodológicos estabelecidos e sintetizados nas Tabelas 1 e 2, são organizados em quatro eixos interpretativos, conforme a abordagem de Yin (2001). Esses eixos são: 1) Adequação ao padrão, que confronta os dados das Tabelas 1 e 2 com as três proposições teóricas iniciais; 2) Construção da explicação, que refina iterativamente a cadeia causal “ENEM > cobertura jornalística > cultura demográfica” à luz das evidências; 3) Análise de replicação nos casos, que examina a robustez dos achados através da replicação literal (nos veículos textuais) e teórica (no caso televisivo); e 4) Verificação da validade e confiabilidade, que avalia o rigor do desenho de pesquisa.

Esta estrutura nos permite não apenas descrever os achados, mas testar e refinar sistematicamente as proposições iniciais à luz das evidências coletadas. Para embasar essa análise multifacetada, partimos de uma descrição geral dos padrões identificados nas 13 reportagens, sintetizados nas Tabelas 1 e 2.

Conforme demonstrado na Tabela 1, a análise descritiva dos 13 casos revela padrões no uso de fontes oficiais e no enquadramento predominante. Observa-se que a maioria (9 dos 13 casos) utiliza fontes oficiais. O IBGE é a principal referência, citado em 7 casos, mas dois casos (G1 e Terra) citam também o IEPS e a OMS, o que reforça a credibilidade da cobertura. Apenas 4 casos não mencionam explicitamente fontes oficiais, indicando lacunas na transparência jornalística.

Tabela 1 – Critérios de qualidade e enquadramento

CasoDataFontes oficiaisEnquadramentoContribuição à cultura demográfica
1. Folha (1)09/11SocietalMédio
2. Brasil de Fato09/11IBGESocietal (direitos humanos)Alto
3. G109/11IEPS, OMSSocietal (saúde)Alto
4. O Globo09/11IBGESocietalAlto
5. Agência Brasil09/11Societal (direitos)Alto
6. C. Braziliense09/11IBGEIndividualBaixo
7. Folha (2)10/11IBGESocietalAlto
8. Folha (3)10/11IBGESocietal (políticas públicas)Alto
9. CNN Brasil10/11Societal (cultural)Médio
10. InfoMoney10/11IBGESocietal (economia)Alto
11. J. da Paraíba10/11IBGESocietal (economia 60+)Alto
12. Terra10/11IEPS, OMSSocietalMédio
13. Fantástico09/11Misto (individual + societal)Médio-Alto

Fonte: Elaboração nossa

Quanto ao enquadramento, predomina o societal (11 casos), com variações temáticas como direitos humanos, saúde, políticas públicas, economia e cultura. Apenas um caso (Correio Braziliense) adota foco individual e um (Fantástico) adota enquadramento misto (individual e societal), alinhando-se à transição paradigmática proposta nas hipóteses teóricas.

No que se refere ao potencial contributivo para o fortalecimento de uma cultura demográfica ampla e informada, a maioria dos casos (8) foi classificada como “Alto”. Esta categoria é seguida por 3 casos “Médio” e 1 “Médio-Alto”, havendo apenas 1 caso classificado como “Baixo” (Correio Braziliense). 

Veículos como G1, O Globo, Folha (2 e 3), Brasil de Fato, Agência Brasil, InfoMoney e Jornal da Paraíba destacam-se pelo alto potencial contributivo, frequentemente associado a narrativas que articulam dimensões coletivas e intergeracionais, reforçando a construção de uma cultura demográfica.

Conforme demonstrado na Tabela 2, a correspondência temática com os seis eixos analíticos derivados dos textos motivadores para a redação do ENEM 2025 mostra uma distribuição desigual, com o eixo 1 (Dados demográficos) sendo o mais reproduzido (em 7 casos, como Folha (1 e 2), G1, O Globo, Agência Brasil, Terra e Jornal da Paraíba), seguido pelo eixo 4 (Desigualdades socioeconômicas) em 6 casos (ex.: Folha (2), G1, Brasil de Fato, InfoMoney, Agência Brasil, Jornal da Paraíba e Fantástico). Os eixos 5 (Invisibilidade social) e 6 (Marcadores de desigualdade) aparecem em 4 e 3 casos, respectivamente, com maior densidade no Fantástico, que aborda múltiplos eixos simultaneamente. 

Por outro lado, os eixos 2 (Representações simbólicas) e 3 (Reflexões culturais) têm baixa circulação, com apenas uma e duas ocorrências (O Globo para eixo 2; CNN Brasil e Fantástico para eixo 3), indicando que a cobertura imediata priorizou aspectos quantitativos e socioeconômicos sobre perspectivas simbólico-culturais, o que pode limitar a apropriação social plena do tema.

Tabela 2 – Critérios de convergência temática

VeículoEixo 1 Eixo 2 Eixo 3 Eixo 4 Eixo 5Eixo 6
Folha de S. Paulo (1)
Folha de S. Paulo (2)
Folha de S. Paulo (3)
G1/Globo
O Globo
Brasil de Fato
Correio Braziliense
CNN Brasil
InfoMoney/Estado de Minas
Agência Brasil
Terra
Jornal da Paraíba
Fantástico (Rede Globo)

Legenda: Eixo 1: Dados demográficos; Eixo 2: Representações simbólicas; Eixo 3: Reflexões culturais; Eixo 4: Desigualdades socioeconômicas; Eixo 5: Invisibilidade social; Eixo 6: Marcadores de desigualdade. (✔) = eixo presente ( – )= eixo ausente/ Elaboração própria.

Esses padrões das Tabelas 1 e 2, quando analisados conjuntamente, confirmam a robustez da convergência midiática, com o enquadramento societal e o uso de fontes oficiais ampliando o debate para além do individual, enquanto a correspondência temática revela oportunidades para maior equilíbrio nos eixos simbólicos e culturais.

Passando da descrição dos padrões para o teste das proposições teóricas, a análise avança por meio da técnica de Adequação ao padrão. Posteriormente analisaremos os demais eixos, conforme explicado no início desta seção.

  1. Adequação ao padrão:

A primeira etapa analítica consistiu em confrontar os dados empíricos sintetizados nas Tabelas 1 e 2 com as três proposições teóricas iniciais, método conhecido como pattern matching (Yin, 2001). Este procedimento, que aumenta a validade interna ao verificar a aderência dos achados a um modelo causal pré-existente, revela um alinhamento robusto, porém com nuances críticas.

a) Proposição 1: A visibilidade dada pela imprensa ao tema do envelhecimento desloca a percepção de um enfoque individual e familiar para uma compreensão mais ampla e coletiva da sociedade: a Tabela 1 demonstra que 11 das 13 reportagens analisadas adotam um enquadramento societal, tratando o envelhecimento como uma questão coletiva. Apenas um caso (Correio Braziliense) manteve foco individual, e um (Fantástico) adotou enquadramento misto. 

Essa transição paradigmática materializa-se em manchetes que conectam o tema a direitos humanos (Brasil de Fato, 09/11), políticas de saúde pública (G1, 09/11), e implicações econômicas e previdenciárias (InfoMoney, Jornal da Paraíba, 10/11). O predomínio esmagador do enquadramento coletivo confirma que a cobertura, catalisada pelo ENEM, cumpriu um papel essencial de deslocar a discussão da esfera privada para a praça pública.

b) Proposição 2: A convergência temática com a estrutura proposta pelo ENEM é mais pronunciada quando as reportagens utilizam dados demográficos de fontes oficiais, incorporam narrativas de políticas públicas e incluem vozes de especialistas: Nossos resultados confirmam essa relação em sua dimensão mais básica, o uso de dados oficiais, mas revelam uma lacuna crucial em sua dimensão qualitativa. Conforme a Tabela 1, a maioria dos casos (9 de 13) utiliza fontes oficiais, com o IBGE sendo a principal referência (7 casos), seguido por IEPS e OMS. O Eixo 1 (Dados Demográficos) foi o mais reproduzido na Tabela 2 (7 casos), indicando que a imprensa ancorou sua cobertura em estatísticas legitimadas.

Contudo, a análise do perfil das fontes especialistas expõe uma fragilidade significativa. Predominou amplamente a voz de professores do ensino médio e de cursinhos preparatórios. A Agência Brasil (09/11) ouviu quatro professores e uma estudante; a CNN (10/11) e o Correio Braziliense (09/11), um e dois professores, respectivamente; e a Folha de S. Paulo (09/11) consultou sete professores, todos vinculados ao contexto educacional do exame. 

Embora compreensível dada a natureza da notícia-gatilho (o ENEM), essa predominância criou um desequilíbrio. A ausência quase total de demógrafos como fontes especializadas é o dado mais significativo e problemático: apenas O Globo (09/11) incluiu um demógrafo em sua reportagem. Isso evidencia que, apesar de utilizar dados demográficos, a imprensa ainda não reconhece a Demografia como o campo de expertise central para interpretar o fenômeno, representando uma oportunidade perdida para aprofundar a análise das causas, tendências e implicações de longo prazo do envelhecimento populacional.

c) Proposição 3: A matéria televisiva, por sua linguagem audiovisual, amplifica o alcance emocional e a memorabilidade do tema: esta proposição é integralmente validada pelo caso do Fantástico. Como a única reportagem em vídeo do corpus, ela se destacou pelo potencial médio-alto (Tabela 1) e por um enquadramento misto que conjugou a dimensão individual (histórias de cuidadores) com a societal (a necessidade de regulamentação). Através de imagens de agressões, depoimentos emocionais e uma trilha sonora dramática, a matéria potencializou o impacto afetivo, tornando-a mais marcante na memória do público. 

É crucial destacar que, neste caso, o apelo emocional não substituiu a complexidade temática; pelo contrário, a reportagem foi a que integrou o maior número de eixos analíticos (Eixos 3, 4, 5 e 6 na Tabela 2), usando a emoção como vetor para discutir reflexões culturais, desigualdades socioeconômicas, invisibilidade social e marcadores de desigualdade.

2) Construção da explicação: 

Seguindo a estratégia iterativa proposta por Yin (2001), este eixo desenvolve e revisa a cadeia causal inicial (“ENEM > cobertura jornalística > mudança de percepção societal”) à luz das evidências empíricas. Esse processo, apoiado nos padrões das Tabelas 1 e 2, permitiu testar e refinar a explicação para o fenômeno observado. 

A narrativa causal que se consolida mostra que o anúncio do tema da redação do ENEM 2025 atua como intervenção deliberada, direcionando a atenção de milhões de jovens para o assunto. Essa mobilização gera uma resposta imediata da mídia e desencadeia a produção acelerada de conteúdos ancorados em dados oficiais, como evidenciado pela prevalência de fontes do IBGE na Tabela 1 e pelo eixo 1 na Tabela 2.

Esses conteúdos adotam um enquadramento societal (11 casos na Tabela 1), discutindo etarismo, previdência, SUS e regulamentação do cuidado. Esse processo acelera a transição paradigmática e fortalece a construção de uma cultura demográfica mais informada, especialmente nos casos de maior potencial contributivo.

A relação sequencial com o tema de 2023 aparece de forma clara na matéria do Fantástico, que retoma a invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher e a desloca para a figura do idoso como sujeito do cuidado. Esse movimento fecha um ciclo argumentativo que o próprio ENEM vem consolidando ao longo dos últimos anos, em alinhamento com a correspondência temática apresentada na Tabela 2.

3) Replicação nos casos: 

A replicação dos padrões, conceito-chave do método de estudo de caso, confirma a robustez dos achados sob duas perspectivas, com base nas Tabelas 1 e 2.

3.1) Replicação literal: observa-se um padrão altamente previsível nas reportagens textuais (jornais e portais). A estrutura segue a fórmula: título menciona o ENEM + citação de dado oficial (como o IBGE no eixo 1 da Tabela 2) + chamado por políticas públicas (refletido no enquadramento societal da Tabela 1). Esse padrão aparece em veículos como G1, O Globo, Folha (em duas matérias), CNN, InfoMoney, Terra, Jornal da Paraíba e Brasil de Fato.

3.2) Replicação teórica: o caso do Fantástico (televisão) funciona como uma replicação teórica, contrastando com o grupo anterior. Enquanto os veículos textuais privilegiam dados e estrutura factual (eixos quantitativos na Tabela 2), a reportagem em vídeo prioriza emoção e histórias de vida (potencial médio-alto na Tabela 1). Apesar das diferenças de formato, ambos convergem para a mesma conclusão central, focada na necessidade de ações e regulamentação no âmbito societal. Isso demonstra que o audiovisual, embora amplie o alcance afetivo, não reduz a profundidade da análise sobre o tema, como evidenciado pela integração de múltiplos eixos no Fantástico

4) Validade e confiabilidade: 

O rigor metodológico foi assegurado por procedimentos específicos, validados pelos padrões apresentados nas Tabelas 1 e 2. A validade do construto foi garantida pelo uso de múltiplas fontes de evidência (textos completos, capturas de tela, transcrição literal do Fantástico e documentos do IBGE, alinhados às fontes oficiais na Tabela 1).

A validade interna foi reforçada pelo teste de proposições rivais. A hipótese alternativa de uma cobertura espontânea e diversificada foi refutada pelo timing concentrado das publicações em 48 horas e pela predominância do enquadramento societal. A validade externa permite a generalização analítica para o comportamento midiático em outros temas do ENEM, considerando a distribuição temática na Tabela 2.

Já a confiabilidade é sustentada por um protocolo de pesquisa detalhado e por um banco de dados digital. Coletivamente, esses elementos atestam o rigor do estudo e reforçam a sua contribuição central, que visa compreender o papel catalisador do ENEM na construção de uma cultura demográfica na praça pública. As tabelas oferecem a base empírica consistente para as discussões e conclusões do trabalho.

Limitações do estudo

A interpretação dos resultados deve considerar algumas delimitações metodológicas que, ao mesmo tempo, apontam caminhos para pesquisas futuras. A análise concentrou-se em apenas 48 horas de cobertura, o que permitiu captar o impacto imediato, mas não a evolução do debate e, por isso, estudos longitudinais são recomendados para avaliar a sustentabilidade da pauta. 

A seleção do corpus realizada por meio do Google pode ter privilegiado determinados veículos, o que sugere que futuras pesquisas adotem amostragem direta em portais previamente definidos para maior controle. A exclusão de mídias regionais limitou a diversidade de perspectivas geográficas e a inclusão desses veículos em estudos posteriores poderia enriquecer a análise com contextos locais. 

A baixa presença de demógrafos restringiu a profundidade técnica do debate midiático, indicando a necessidade de um estudo específico sobre o perfil das fontes especializadas convocadas pela imprensa. Além disso, não foi investigado como o público interpretou as mensagens, o que abre espaço para análises de comentários em redes sociais ou grupos focais como forma de avançar na compreensão da recepção. 

Essas limitações não comprometem a validade interna deste estudo, mas recomendam cautela na generalização dos achados e ao mesmo tempo delineiam um programa consistente para futuros avanços na análise do fenômeno.

Conclusões

Os achados deste estudo demonstram que o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) de 2025 funcionou como um poderoso agente de agenda-setting midiática, catalisando uma cobertura jornalística ampla e estruturalmente orientada para a dimensão societal do envelhecimento populacional.

A imprensa brasileira, ao ancorar suas reportagens em dados oficiais e ao privilegiar enquadramentos coletivos, da saúde pública e previdência à regulamentação do cuidado e ao combate ao etarismo, operou uma ponte crucial. Esse movimento transportou o conhecimento demográfico do domínio acadêmico para o terreno da apropriação social ampla (Vogt, 2007), superando, ainda que momentaneamente, a histórica lacuna entre evidência estatística e percepção pública (Paiva Rebouças; Ojima, 2025). A reportagem do Fantástico exemplifica esse processo ao traduzir dados abstratos em histórias de vida e conflitos sociais concretos, demonstrando o poder da narrativa na construção de significado.

A convergência observada não foi casual, mas revela a ativação de um mecanismo sociocomunicacional preciso. Neste mecanismo, o ENEM atua como uma intervenção educacional deliberada que, ao mobilizar milhões de jovens, oferece simultaneamente à mídia uma pauta legitimada e temporalmente delimitada. Esse duplo movimento acelera a transição de uma visão individual e familiar do envelhecimento para uma compreensão coletiva e intergeracional, desempenhando um papel essencial na formação de uma cultura demográfica mais informada e participativa.

Contudo, os resultados iluminam desafios persistentes. A ausência quase total de demógrafos como fontes especializadas nas reportagens analisadas é um achado crítico. Isso indica que a imprensa, embora faça uso instrumental de dados demográficos, ainda não reconhece plenamente a Demografia como o campo de expertise central para interpretar a complexidade e as implicações de longo prazo do fenômeno.

Essa lacuna compromete a profundidade interpretativa da cobertura e a expõe ao risco de narrativas simplificadas. Paralelamente, o predomínio de professores de redação e cursinhos como porta-vozes revela que o debate foi, em grande medida, capturado pelo universo educacional imediato do exame o que, se por um lado limita a diversidade de perspectivas, por outro reforça o importante papel da educação como vetor de difusão temática.

Este momento singular evidencia o potencial transformador da interseção entre política educacional de grande escala e jornalismo de massa. Quando alinhados, esses dois sistemas simbólicos podem romper ciclos de desinformação demográfica e fomentar a conversa avaliativa (Hammel, 1990) necessária para naturalizar o envelhecimento como etapa universal da vida coletiva, e não como ameaça ou ônus. 

O ciclo iniciado pelo ENEM 2023, com o cuidado invisível, e consolidado em 2025, com o sujeito do cuidado, mostra como um exame nacional pode construir, de forma sequencial e estratégica, um arcabouço argumentativo capaz de orientar a sociedade na compreensão de sua própria transformação demográfica.

Dessa forma, o caso analisado reforça que a construção de uma cultura demográfica robusta no Brasil não depende apenas da produção de dados técnicos, mas fundamentalmente da capacidade de traduzi-los em narrativas socialmente negociáveis. O ENEM 2025, ao colocar o envelhecimento populacional da prova para a praça pública, demonstrou a viabilidade e a urgência de se acelerar esse processo por meio da articulação sinérgica entre políticas educacionais e comunicação massiva.

Como citar: REBOUÇAS, J. P. Da prova à opinião pública: como o ENEM e a mídia colocaram o envelhecimento populacional na agenda nacional. Observatório do Nordeste para Análise Sociodemográfica (ONAS). Natal (RN), 17.11.2025, disponível em: <https://demografiaufrn.net/2025/11/17/envelhecimento-enem25>, acesso em: DD/MM/AAAA.

Este ensaio faz parte das reflexões e análises preliminares da tese de doutorado do discente José de Paiva Rebouças, sob orientação de Ricardo Ojima, no Programa de Pós-Graduação em Demografia (PPGDem) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

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