O professor Marcos Gonzaga participou do programa Estúdio News, da Record News, no programa que foi ao ar no dia 01 de novembro para discutir o tema: Expectativa de Vida. Ele destacou que o expressivo aumento da longevidade nas últimas décadas está diretamente ligado à transição demográfica. A mudança no padrão de mortalidade foi crucial: se em 1950 as doenças transmissíveis, que afetavam principalmente os mais jovens, eram a principal causa de morte [07:15], hoje o cenário é dominado pelas doenças não transmissíveis, como as do aparelho circulatório [02:44]. A drástica redução da mortalidade infantil, impulsionada por melhorias sanitárias e vacinação, permitiu que mais pessoas atingissem idades avançadas, alterando fundamentalmente a estrutura etária da população [07:38].
O envelhecimento populacional, analisado por Gonzaga, traz duas consequências principais: o aumento da longevidade individual e a mudança estrutural, onde a população idosa ganha peso relativo na sociedade [15:19]. Isso gera uma pressão direta sobre os gastos públicos com saúde, destinados a tratar as condições crônicas dessa população crescente [15:40]. Simultaneamente, desafia o sistema de previdência de repartição simples, usado no Brasil, onde os trabalhadores ativos financiam os aposentados [15:54]. Com a diminuição da população em idade ativa em proporção aos idosos, a sustentabilidade fiscal do modelo exige novas e múltiplas reformas [16:02, 23:11].
O professor do PPGDem ressaltou as enormes disparidades globais, com países africanos apresentando expectativas de vida mais de 20 anos inferiores às de países ricos, reflexo de diferentes estágios da transição demográfica [10:28]. No Brasil, embora as projeções do IBGE indiquem uma convergência regional na longevidade até 2070 [28:03], persistem desafios sociais. Gonzaga apontou que a demografia também revela a sobrecarga do cuidado: pesquisas indicam que a responsabilidade pelos idosos recai majoritariamente sobre as mulheres [16:34], evidenciando uma desigualdade de gênero estrutural.
O debate reforça que viver mais é uma conquista, mas que exige planejamento institucional para garantir que a longevidade venha acompanhada de qualidade de vida e sustentabilidade. A participação das pesquisas e dos docentes do PPGDem/UFRN na imprensa nacional sublinha a centralidade dos estudos populacionais para entender e enfrentar os desafios contemporâneos e a qualidade dos estudos aqui desenvolvidos. Diante do aumento da população idosa, a sociedade brasileira está preparada para reestruturar não apenas suas contas públicas, mas também a divisão social do cuidado?
A íntegra da entrevista está disponível no YouTube: http://www.youtube.com/watch?v=a2-P2xyz_wY







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