DEMOGRAFIA | UFRN

Uma nova e importante análise sobre a tragédia socioambiental de Maceió está prestes a ser lançada durante a 11ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas. A obra “Mobilidade Invisível: Migração Forçada a Partir do Processo de Subsidência em Maceió-AL” é de autoria de José Anderson Farias da Silva Bomfim, doutorando do Programa de Pós-Graduação em Demografia (PPGDem) da UFRN. O livro emerge da pesquisa de mestrado do discente e analisa o deslocamento compulsório de milhares de famílias em decorrência do afundamento do solo, causado pela exploração de sal-gema, oferecendo uma perspectiva demográfica sobre a profunda reorganização urbana e social da capital alagoana.

O estudo revela dados impactantes sobre a magnitude do deslocamento populacional, estimando que cerca de 60 mil pessoas foram forçadas a abandonar seus lares. A pesquisa não se limita aos números, mas mapeia a redistribuição espacial dessas famílias, identificando um padrão preocupante: muitas foram realocadas para áreas periféricas e socialmente vulneráveis da cidade. Este movimento forçado não apenas desintegrou laços comunitários e redes de apoio, mas também acentuou a segregação socioespacial, aprofundando desigualdades históricas e criando novos bolsões de precariedade em Maceió.

A análise demográfica conduzida pelo autor dá visibilidade ao que ele conceitua como “mobilidades invisíveis”. Este termo descreve os fluxos migratórios internos que, embora massivos, permanecem frequentemente à margem do debate público e das estatísticas oficiais. Ao investigar os novos arranjos espaciais e as condições de vida da população deslocada, a pesquisa documenta as consequências humanas da tragédia, transformando dados brutos em um registro sensível sobre a perda do direito à cidade e a violação de direitos fundamentais.

Para Bonfim, “a obra se consolida como um instrumento de denúncia, memória e reflexão”. Sua principal contribuição à sociedade é fornecer subsídios científicos robustos que conectam a exploração econômica de recursos naturais à injustiça socioambiental e às suas consequências demográficas. O livro serve como um alerta e uma ferramenta essencial para gestores públicos e a sociedade civil, demonstrando a urgência de fiscalizar atividades extrativistas e de desenvolver políticas públicas que priorizem a segurança e o bem-estar da população em detrimento do lucro corporativo.

Lançamento: O livro “Mobilidade Invisível: migração forçada a partir do processo de subsidência em Maceió-AL” (EDUFAL) será lançado no dia 02 de novembro de 2025, das 19h às 21h, no estande da Editora da Universidade Federal de Alagoas (EDUFAL) durante a 11ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas.