O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) divulgou na última semana o resultado preliminar da Chamada CNPq/MCTI/FNDCT Nº 44/2024 – UNIVERSAL e entre os projetos contemplados, está o projeto “A influência dos mecanismos das redes sociais pessoais na fecundidade da Região Metropolitana de Natal“, coordenado pelo docente do Programa de Pós-Graduação em Demografia (PPGDem) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). O projeto tem como objetivo analisar os fatores que contribuem para explicar a importante tendência de queda do número médio de filhos por mulher (Taxa de Fecundidade) no contexto da RM de Natal.

Você já deve ter notado que as famílias de hoje são, em média, menores que as de antigamente. Essa percepção é confirmada pelos dados mais recentes apresentados pelo IBGE com base no Censo Demográfico 2022. Em 2022, o estado do Rio Grande do Norte, a taxa de fecundidade caiu para impressionantes 1,5 filhos por mulher, enquanto que essa mesma taxa era de 2,6 no ano 2000. O mesmo ocorre nas escalas municipais, para se ter uma ideia, no município de Vera Cruz, a média de filhos por mulher caiu de 5,7 em 1991 para 2,1 em 2010. Ou seja, mesmo nos menores municípios, é possível perceber como essa é uma tendência irreversível e já está em um nível muito baixo, no que os demógrafos chamam de nível de reposição da população.
Mas o que explica essa mudança tão rápida? Fatores como maior acesso à educação e ao mercado de trabalho são parte da resposta, mas este projeto de pesquisa busca uma explicação inovadora e mais sutil. A investigação tem como objetivo principal entender a influência das nossas redes sociais pessoais — ou seja, nossos amigos, familiares e colegas de trabalho — nas decisões sobre ter ou não filhos. A ideia central é que as conversas, os exemplos e as expectativas do nosso círculo social mais próximo podem moldar nossas escolhas reprodutivas de maneira decisiva.
Essa é uma abordagem é pioneira no Brasil e visa utilizar a Análise de Redes Sociais para estudar a fecundidade, inspirada em estudos já desenvolvidos para explicar essas tendências na Europa. Para colocar essa ideia à prova, a metodologia prevê a realização de entrevistas com mulheres de diferentes gerações que vivem na RM Natal. O objetivo é ir além dos números e compreender as influências e os mecanismos sociais que atuam em uma das decisões mais importantes da vida. E isso tudo nos leva a uma reflexão interessante: até que ponto a decisão de ter um filho é puramente individual? Ou será que ela é, em grande parte, uma escolha influenciada pelas pessoas com quem mais convivemos?







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