Uma pesquisa supervisionada pela pesquisadora do PPGDEM Luciana Lima, e o discente de doutorado do programa Kayck Araújo buscou identificar a percepção dos ciclistas em relação aos fatores que ameaçam sua segurança e bem-estar em áreas urbanas. O projeto internacional, conta com a participação de cerca de 50 países e é organizada pela Universidade de Valência na Espanha. Embora o ciclismo seja promovido globalmente como uma alternativa de transporte saudável e sustentável, os riscos associados a ele, como acidentes, ainda desestimulam muitas pessoas a pedalarem. A pesquisa partiu da hipótese de que a segurança no trânsito para quem usa a bicicleta não depende apenas da infraestrutura cicloviária, mas também de indicadores mais amplos de desenvolvimento e bem-estar social de um país.

A principal descoberta da pesquisa, que analisou dados de mais de 7 mil ciclistas em 19 países, foi clara: o nível de desenvolvimento de um país está diretamente ligado à segurança de seus ciclistas. Os resultados mostraram que em países de baixa e média renda, os ciclistas relataram cometer mais comportamentos de risco, tanto infrações deliberadas (como desrespeitar as regras de trânsito) quanto erros não intencionais (como erros de cálculo em situações de tráfego). Essa diferença é significativa quando comparada aos ciclistas de países de alta renda, onde os comportamentos de risco foram consideravelmente menores.

Mas o que explica essa disparidade? Os pesquisadores apontam que a questão vai além de ter mais ou menos ciclovias. Países com maior desenvolvimento socioeconômico geralmente investem mais em diversas áreas que, indiretamente, criam uma cultura de segurança. Fatores como maior expectativa de vida, amplo acesso à internet, melhor cobertura de saúde e maiores investimentos públicos em bem-estar estão associados a ciclistas mais prudentes. O acesso facilitado à informação e a campanhas de conscientização, por exemplo, pode moldar normas de comportamento mais seguras no trânsito.

Portanto, a pesquisa conclui que promover o uso da bicicleta de forma segura e equitativa exige uma abordagem muito mais ampla. Não basta apenas construir infraestrutura; é preciso investir em políticas públicas que melhorem a qualidade de vida da população como um todo. O estudo destaca uma “injustiça” na vulnerabilidade enfrentada por ciclistas em nações menos desenvolvidas e aponta para a necessidade de ações focadas no acesso à informação, na saúde e na educação para o trânsito. Será que estamos olhando para o problema da segurança no ciclismo da maneira correta?

Kayck Araújo defendeu a sua tese de doutorado intitulada “Nas Trilhas Da Transição: Utilização de Bicicletas para Deslocamentos Intraurbanos Na Segunda Década dos Anos 2000 no Brasil”, em agosto de 2025 sobre o tema. A sua tese utilizou este banco de dados e parte dos resultados do artigo contam com as contribuições desenvolvidas pela tese defendida na UFRN.

Para saber mais, acesse o artigo original.

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